sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Contra o vazio mental

Contra o vazio mental

Na revista Studium, via Global Voices, manifesto contra a prisão de Caroline Pivetta da Mota:
A revista Studium repudia o abuso de autoridade dos curadores da Bienal do Vazio.

O espaço do nada foi um incentivo para manifestações, uma lacuna a ser preenchida.

Achavam que o vazio é permanente? Somente na cabeça dessas “ilustres” pessoas o vazio é lugar do nada.


Os vazios são para serem ocupados! Não podemos admitir que os "ilustres" curadores criem um vazio na Arte e saiam impunes. Sabiam eles muito bem o que estavam provocando - não são em nada ingênuos. Possivelmente muitos artistas de renome tenham pensado em ocupar esse vazio, mas não tiveram a coragem dos jovens suburbanos. Além do mais, esse vazio está datado de longo tempo, desde o suprematismo, que aliás, nem era conceito dessa bienal... Talvez mais para uma bienal de arquitetura, para dar visibilidade ao espaço, mas isso também não era a proposta... Tampouco é um vazio zen como proposta da ausência de pensamento!

Se achavam os “ilustres” curadores no lugar de artistas realizando uma obra de arte do branco intocável?

O vazio existindo como vazio é somente ausência de ligações neuronais dos curadores, preenchido pela arte das ruas, e não a das galerias, dos museus ou do mercado.


A jovem pichadora é pobre e suburbana. Sem uma família influente, está mofando há mais de 40 dias na cadeia. Pensem o contrário: se fosse um filho das altas classes sociais paulistanas, estaria preso? Provavelmente um escritório de advocacia já teria impetrado e ganho um habeas corpus, ou o garoto nem sequer tivesse sido preso...


A Arte se entristece com esta postura autoritária e policial.


Também não devemos confundir "danificar patrimônio público", com o que aconteceu: uma coisa é alguém sujar um espaço público de uso coletivo; outra coisa é uma situação como essa, onde havia um espaço público destinado às manifestações artísticas. Podemos até admitir questionar o caráter artístico da manifestação da garota, mas isso é outra história, outra discussão, outro lugar, e a prisão não é a resposta.


A situação hoje é de exploração da ingenuidade de Caroline, alimentando o marketing dessa bienal do vazio e essa institucionalização policialesca da Arte.


Enquanto o vazio dos curadores se nutre com bons e caros vinhos, a jovem aprende na prisão a dura escola de vida, que em nada tem a ver com o lugar que esperamos da Arte na nossa sociedade.


A revista Studium se manifesta pela imediata libertação de Caroline Pivetta da Mota, em nome de todos os artistas presos e humilhados na história da humanidade.


Não vamos aceitar o vazio e o autoritarismo dos vazios de cabeça.


Equipe Studium

Fonte: http://animot.blogspot.com/2008/12/contra-o-vazio-mental.html

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